VIDEOHISTÓRIA – Lázaro Cárdenas

Pessoal, tudo certo?

Hoje estreamos a sessão VIDEOHISTÓRIA com minha querida amiga Daniela Parra de Puebla, México, falando sobre Lázaro Cardenas, o populismo no México e a imagem deste presidente para os mexicanos. Qualquer dúvida pode enviar uma pergunta que ela responde. Comentem!

Populismo no México e na Argentina

Érica Ribeiro Maroquio Ramos

Cárdenas

Apesar de pontos em comum, o populismo nos diferentes países da América Latina tem apresentado características bem distintas. A conclusão de que não há um modelo aplicável, em todos os casos, tem sido uma das tônicas da nova historiografia sobre o tema, preocupado em chamar a atenção para as singularidades de cada caso. Nesse sentido, realizamos comparações tendo em vista o caso argentino e mexicano.

No México, o populismo começa com Cárdenas, que chegou ao poder eleito pelo Partido Nacional Revolucionário em 1934. Precisamos compreender que, se na Argentina a presença indígena era mínima, no México, os camponeses participaram da revolução, conhecidos como “esfarrapados”, liderados por dois padres. Entre eles, o padre Morelos chegou a esboçar um projeto pelo qual a própria Igreja cederia terras. A presença camponesa é bastante incomum nos processos de transição e revolução dentro da América Latina.

Na segunda metade do século XIX, no México, no governo de Porfírio Diaz, a tradicional propriedade comunal indígena foi desmantelada. Esse foi o estopim da revolução. Zapata e Francisco Villa elaboraram seus planos baseados em terras para os “despossuídos”. A revolução camponesa durou dez anos; instituíram mudanças notáveis e muitas perdas humanas em batalhas sangrentas. Depois de 1915, a burguesia ficou com o movimento nas mãos. Seus líderes, além de vencidos, foram assassinados.

Zapata Francisco Villa

Na Constituição mexicana, em 1917, fica lavrada a reforma agrária, um ideal zapatista. Na década de 20, os norte-americanos pareciam querer frear todo o processo de reivindicações e a Constituição parecia morta. A crise de 1929 repercutiu de maneira avassaladora no México devido à queda do preço da prata, juntamente com o ouro, o cobre e o zinco. Essa crise somou-se à petrolífera e, mais ainda, à da agricultura: milho, feijão e até mesmo algodão tiveram seus preços baixados, além da queda na produção, por causas naturais.

As migrações internas, em função do desemprego, em 1932, aconteceram em um percentual razoável em direção às cidades. Nos anos 20, não havia organizações camponesas em número expressivo. Ainda que o CROM ora ou outra fizesse um levante, o maior deles foi “A Revolta dos Cristeros” (1926-1929). Havia duas grandes forças no México: a “caudilhesca”, dos partidários de Obregòn, defensores de lealdades pessoais, liderança individual e atomização de poderes; e os ligados a Cailes, querendo a centralização do poder, superando a fragmentação econômica e política pós-revolucionária. A corrente vitoriosa, de Cárdenas, constituiu uma combinação das anteriores.

O pacto Roca-Runciman, em 1930, evidencia o interesse estrangeiro: por tal acordo entre Inglaterra e Argentina, os ingleses manteriam a quota de importação de carnes, embora pudessem restringi-la quando conviesse, e os argentinos se comprometiam a fazer inúmeras concessões, como câmbio favorável, tarifas importadoras e transportes internos. As críticas foram contundentes e espalhou-se o epíteto de “vende-pátria”; contudo, o pacto se manteve, porque, segundo os conservadores, o que era bom para eles deveria ser ótimo para a nação.

Em meio, há protestos contra o pacto Roca-Runciman e a década de 30, conhecida como “infame” em função das suas eleições fraudulentas e constantes consertos baseados em legalidade constitucional, permitiu que fossem eleitos, respectivamente: em 1931, o General Justo; em 1937, Ortiz, que renunciou em 1942, sendo substituído por Castillo.

No México, Cárdenas, no governo, assumiu como plataforma o “Plano Sexenal”, elaborado por seu partido em 1933. Ao Estado caberia uma participação ampla, direta ou indireta, na organização e dinamização das forças de produção e da acumulação de capital. E que a política econômica deveria eliminar a dependência externa e o governo deveria atuar como efetivo e generalizado, para fazer a Constituição atuar sobre as relações de produção, já que as massas são o fator mais importante da coletividade mexicana. A crise de 29 abriu no México a possibilidade de um governo mais realista, disposto a lidar com as problemáticas mexicanas. Em 1933, o México começou a superar a crise e, em 1934, já estava bem melhor.

Cárdenas agilizou a reforma agrária; no entanto, alguns conceitos foram modificados: o “ejido” pós-revolucionário é propriedade da nação, cedida em usufruto individual, perpétuo e hereditário, não é uma propriedade comunal, e sim uma pequena propriedade privada. O latifúndio recebeu um duro golpe; mesmo assim, em 1940, o censo registrou cerca de 300 propriedades de mais de 40 mil hectares e a agricultura permaneceu forte. Cárdenas tomou providências, como ter fundado o Banco Nacional de Crédito Ejidal, para financiamento de “ejidos”. Seu perfil começou a delinear-se: concessão de terras aos camponeses, ataque aos latifundiários, rastro da Revolução Mexicana. Em 1930, a população mexicana era predominantemente rural.

Além das fraudes eleitorais argentinas, outras arbitrariedades foram praticadas contra os oposicionistas, conhecidos como anarquistas, socialistas e comunistas, em sua maioria. Na verdade, a época de 30 também demonstrou um grande crescimento industrial, principalmente nos ramos de alimentos, têxteis e metalurgia leve. No entanto, a indústria de base não logrou sua construção, permanecendo a agricultura como a rocha de sustentação econômica.

O golpe de 43 é um pouco estranho, porque, se foram os militares seus articuladores, qual o motivo para derrubar o golpe de 30, elaborado pelos mesmos? A resposta nos concede uma perspectiva das Forças Armadas divididas, seus vínculos eram diferentes: o General Uriburu (conservador) e o General Dellepiane (com seu radicalismo yriegoyenista) propiciou o surgimento, em 1942, do GOU (Grupo de Oficiales Unidos) caracterizado pelo nacionalismo, com pretensões hegemônicas da Argentina na América do Sul e com simpatias nazi-fascistas. Em suma, o golpe fora desferido por uma ala das Forças Armadas, nacionalistas, simpatizantes do Eixo, na 2ª Guerra mundial, saudado pelos grupos oposicionistas em geral, cansados da arbitrariedade do conservadorismo.

Juan Perón

No final de 1943, o golpe já mostrava sua face: era autoritário, conservador, dissolveu todos os partidos políticos, suprimiu laicismo escolar, tornando o ensino religioso obrigatório para gáudio da Igreja Católica. Ambos os golpes – o de 30 e o de 43 – são conservadores, porém possuem suas diferenças ferozes: em 1930, estavam vinculados a interesses exportadores e mantinham uma fachada legal e liberal. O de 1943 tinha pretensões nacionalistas, expansionistas, era antiliberal e antidemocrático, anunciando uma fase mais “moderna” na industrialização argentina. Ligado ao GOU estava Juan Domingo Perón e se constituiu na “eminência parda”, acumulando cargos de Vice-Presidente da República, Ministro da Guerra e seu recém-criado cargo na “Secretaria de Trabajo y Pevisiòn”. Nesta última, pretendia obter o apoio dos trabalhadores. No campo, a concretização do “Estatuto do Peão” não alterava as relações entre patrões e trabalhadores, mas reconhecia sua existência. Nas cidades, além do cumprimento das leis trabalhistas, ele institui o Aguinaldo, espécie de 13º salário. Por outro lado, Perón desarticulou os sindicatos mais politizados (anarquistas, comunistas e socialistas), usando de violência quando necessário. Unificou a Previdência Social e ampliou os benefícios da lei de dispensa dos trabalhadores.

Baseado no livro de Maria Lígia Pardo, O populismo na América Latina

O Populismo no Brasil

Introdução
Retornando o país à normalidade constitucional (a nova Carta foi promulgada em 1946), o populismo iria relevar sua eficiência eleitoral.

A eleição do Presidente Eurico Gaspar Dutra contara com o decisivo apoio de Vargas, que a seguir candidatou-se à sucessão. Em 1950 era mais uma vez eleito para a presidência da República. Simultaneamente, organizava-se um partido populista (o Partido Trabalhista Brasileiro – PTB), que conseguiria dominar até 1964, com pequenas interrupções, o Ministério do Trabalho e, por intermédio dele, os sindicatos.

No ápice de uma violenta e passional crise política, o presidente Vargas suicidou-se a 24 de agosto de 1954. Nos dezesseis meses seguintes o país conheceria 3 presidentes. Café Filho, vice-presidente e presidente do senado assumiu o poder. Mas foi obrigado a afastar-se antes do fim do mandato, por motivo de doença. A seguir, já restabelecido foi impedido de assumir o poder. Automaticamente o cargo passou para o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, este que, foi declarado impedido pelo Congresso a 11 de novembro de 1955. As funções de chefe de estado passaram assim a ser exercidas até o fim do quinquênio por Nereu Ramos, vice-presidente do Senado, que, com a posse de Café Filho na presidência do país, passara a ex4ercer o papel de vice-presidente da República.

Em 1956 tomava posse o presidente eleito, Juscelino Kubistchek, pertence aos quadros do PSD. A base eleitoral deste partido, predominantemente agrária, já elegera antes outro presidente, Gaspar Dutra,. Mas para a vitória de Juscelino Kubistchek contara também com o apoio do PTB, de cujas fileiras saiu o vice-presidente João Goulart.

O quinquênio 1956/1960 caracterizou-se pela rápida industrialização, dando ao país uma auréola de prosperidade poucas vezes presenciada no passado. Para incrementar esses desenvolvimento, Juscelino Kubistchek valeu-se da disponibilidade do capital estrangeiro na época, atraindo-o para o Brasil. O país, com seu amplo mercado interno inexplorado e uma indústria siderúrgica de porte regular (onde se destacava a Usina de Volta Redonda, criada por Vargas em 1941), oferecia ótimas de aplacação aos capitais europeus e americanos.

Entretanto, na construção de Brasília, nova capital, e em empreendimentos que visavam estabelecer a infra-estrutura e permitir a continuidade do desenvolvimento nacional, Juscelino Kubistchek passava a gastar mais do que comportava a situação econômica do país. Gerou-se uma situação inflacionária, que a curto prazo desembocaria em uma crise.

Seu sucessor , Jânio Quadros, ao tomar posse em Janeiro de 1961, denunciou a crise e declarou-se disposto a tomar as medidas necessárias ao saneamento da economia.

No desenvolvimento de uma política externa independente, cogitou fazer do Brasil líder das nações do chamado terceiro mundo. A 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renuncia alegando poderes de forças ocultas.

A renuncia de Quadros deixou a nação paralisada e perplexa. Para amplos setores das classes medias ele representara uma esperança de moralização da vida pública no país, marcada por denuncias de negociatas, empreguismo, e tráfico de influencias.

A rápida passagem de Goulart pelo ministério do trabalho em 1954 e seus pronunciamentos considerados demagógicos tornavam-no fortemente suspeito junto a setores militares e parcelas da opinião pública. Constituiu-se um forte movimento de oposição à posse. Nesse clima não propício assumiu João Goulart.

Iniciou-se no Brasil um breve período parlamentarista, durante o qual o cargo de primeiro-ministro foi sucessivamente ocupado.

Depois de várias tentativas de estancar a inflação durante esses três anos, João Goulart é obrigado a se exilar no Uruguai…

Depois dessa breve introdução, em seguida mais detalhes referentes ao que aconteceu em cada governo.

1945 – Queremismo
Sentindo a onda liberal que tomava conta do país, Getúlio Vargas procurou liderar a abertura democrática. Em fevereiro de 1945, o governo fixou prazo para a próxima eleição presidencial. Concedeu anistia ampla a todos os condenados políticos. Soltou os comunistas que estavam na cadeia, entre os quais Luís Calos Prestes. Permitiu a volta dos exilados ao país.

Nesse ambiente de democracia, renascia a vida partidária. Foram organizados diversos partidos políticos, como: UDN, PSD, PTB, PSP. E também foi permitida a legalização do Partido Comunista, este que vivia na clandestinidade.

Nas eleições presidenciais, marcadas para dezembro de 1945, concorreriam três candidatos, sendo Eurico Gaspar Dutra o Vencedor.

Queremismo: No decorrer da campanha eleitoral, Getúlio Vargas fazia um jogo duplo. Apoiava, aparentemente, o general Dutra. Mas, às escondidas, estimulava um movimento popular que pedia sua permanência no poder, era o queremismo, palavra derivada dos gritos populares “Queremos Getúlio”. O queremismo era impulsionado pelo PTB e pelo PCB. Mas nada disso impediu as eleições e a posse do general Dutra.

Governo Gaspar Dutra (1946-1951)
Logo ao inicio do ano de 1946, Assembléia Constituinte foi convocada para promulgar meses depois em 18 de Setembro de 1946 a nova constituição que tinha essas importantes mudanças.

o Princípios básicos do Estado

o Direito de Voto

o Direitos Trabalhistas

o Direitos do Cidadão

O novo presidente tomou posse num clima de euforia pelo restabelecimento das liberdades democráticas. Mais ainda, o Brasil havia acumulado um volume considerável de divisas durante a Segunda Guerra Mundial, o que aumentava o otimismo reinante quanto às perspectivas da economia nacional. No entanto, o novo governo adotou como orientação o liberalismo econômico,

Rejeitando a intervenção do Estado na economia. Para combater a inflação, o país foi aberto à importação de bens manufaturados. Com isso, as reservas de divisas esgotaram-se rapidamente.

O Governo do general Dutra foi muito influenciado pelos acontecimentos internacionais surgidos após o fim da Segunda Guerra Mundial. Tendo que apoiar os capitalistas ou os socialistas… O governo Dutra aliou-se ao bloco liderado pelos EUA dando origem ao anticomunismo. Todos os políticos eleitos pelo partido comunista brasileira tiveram seus mandatos cassados. E assim o governo reagiu bravamente contra os trabalhadores que pediam por salários maiores e faziam greve, e em seguida foi proibido o direito de greve.

Em 1947, porém, foi necessário decretar medidas de controle de câmbio e redução de importações, que beneficiaram indiretamente a indústria nacional. Além disso, pela primeira vez o Brasil conheceu um esforço organizado de planejamento econômico. Em 1947 foi proposto o Plano Salte, numa tentativa de coordenar os gastos públicos através de um programa qüinqüenal.

Outra grande obra foi a construção da Estrada Presidente Dutra, tão famosa atualmente

Na disputa pela sucessão presidencial de Dutra concorreram quatro candidatos. Mas venceu Getúlio Vargas dando origem ao seu último governo.

Governo Getúlio Vargas (1951-1954)
O partido trabalhista foi o responsável pelo apoio e maciça votação recebida por Getúlio Vargas como candidato à Presidência, graças à sua política paternalista para com o trabalhador brasileiro.

Destacaram-se nesse período:
a) medidas de nacionalização;

b) medidas de proteção à indústria;

c) Criação da Petrobrás;

d) Desenvolvimento econômico.

Nacionalismo: Getúlio empenhou-se em realizar um governo nacionalista. Um dos principais fatos do nacionalismo foi sobre o petróleo. Os nacionalistas queriam que a extração do petróleo brasileiro fosse realizada por uma estatal brasileira. Defendiam o slogan O PETRÓLEO É NOSSO. Foi que em 1953 foi criada a Petrobrás que possuía o monopólio do petróleo. Os adversários do nacionalismo promoveram então uma violenta reação à Vargas. Um dos principais lideres da oposição era Carlos Lacerda.

Trabalhismo: Para os trabalhadores das cidades, Vargas dizia que seu objetivo era construção de uma democracia social, e assim os trabalhadores teriam direito de desfrutar do progresso. E deu aumento de 100% aos trabalhadores, dando revolta aos patrões.

Crise Política: Os políticos da oposição e a imprensa atacam violentamente Vargas. E ocorreu um atentado a Carlos Lacerda. Em agosto de 1954 manifestações militares pediam a renuncia de Vargas. O Presidente recusava a renunciar e em uma atitude trágica, suicidou-se com um tiro no coração e deixou uma carta-testamento no qual pertence a célebre frase: “Sai da Vida para entrar na História”.

Governo Juscelino Kubistchek (1956-1960)
O Governo Juscelino Kubistchek foi marcado por transformações de grande alcance, sobretudo na área econômica, estabeleceu-se um plano de metas, 31 metas, sendo energia, transporte, alimentação, educação e construção da nova capital, esta considerada a mais importante.

Essa política desenvolvimentista de Juscelino Kubistchek baseava-se na utilização do Estado como instrumento coordenador do desenvolvimento, estimulado o empresariado nacional, e também criava uma favorável à entrada do capital estrangeiro. Tinha a idéia de realizar atos possíveis em 50 anos somente em 5 anos de seu mandato.

O grande número de obras realizadas pelo governo Juscelino Kubistchek fez-se à custa de empréstimos e investimentos estrangeiros. Isto é, governo internacionalizou a economia e aumentou a dívida externa brasileira. Permitiu que grandes empresas multinacionais instalassem suas filiais no país e controlassem importantes serres industriais com eletrodomésticos, automóveis, tratores, produtos químicos e farmacêuticos, cigarros, etc. Por isso, os nacionalistas diziam que a política econômica de Juscelino Kubistchek tinha a vantagem de ser modernizadora. Os gastos com grandes obras públicas ajudaram a elevar a inflação, prejudicando a classe trabalhadora, que, por isso, reclamava por aumentos salariais. Na tentativa de desenvolver a região nordestina Juscelino criou a SUDENE.

Juscelino Kubistchek realizou um governo marcado pela garantia das liberdades democráticas. Agindo com habilidade, Juscelino procurava evitar os exageros dos radicais. Durante seu governo não houve cidades presos por motivos políticos.

Nesse ambiente de democrático, Juscelino Kubistchek fez-se realizar eleições livres e entregou o poder ao presidente vitorioso, eleito pela oposição: Jânio Quadros.

Governo Jânio Quadros (1961)
Jânio da Silva Quadros, apoiado pela UDN ganhou as eleições para a presidência com uma vitória espetacular. Conseguiu 48% da preferência do eleitorado, com 1800 mil votos acima do segundo colocado.

Juntamente com Jânio, foi reeleito vice-presidente João Goulart. Adversário de Jânio, João Goulart era considerado um herdeiro político.

Eleito presidente, Jânio tomou atitudes que surpreenderam os grupos poderosos que o apoiavam os grupos poderosos que o apoiavam. Começou a defender uma política externa independente, isto é, uma política mais livre das pressões das grandes potências. Mandou que se reatassem relações diplomáticas do Brasil com a União Soviética e com a China comunista. Isso provocou violentas criticas.

Em 19 de agosto de 1961, Jânio condecorou Che Guevara com a principal comenda brasileira, causando indignação pelos americanos.

Revoltada com as atitudes do presidente a UDN rompeu com o governo. Através de uma rede de televisão, Carlos Lacerda acusou Jânio de propiciar a entrada dos comunistas.

Apesar do prestígio popular, Jânio não contava com forças políticas organizadas dos trabalhadores para sustenta-lo no poder. Sem o apoiado da UDN, dos grandes empresários e dos grupos que dominavam a imprensa, o presidente tomou uma atitude inesperada: renunciou ao cargo de presidente. Deixou somente um bilhete “forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam… Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranqüilidade, ora quebradas e indispensáveis ao exercício de minha autoridade… A mim não falta a coragem da renuncia.”

João Goulart, o vice, deveria assumir mas estava em viagem a China Comunista, e alguns deputados acusaram-no de ser um comunista. Em retorno só assumiria se aceita-se o sistema parlamentarista. Assumiu, mas após plebiscito popular apoiava o presidencialismo, Jango Assume com o apoio do povo.

Governo João Goulart (1956-1960)
João Goulart queria realizar um governo nacionalista e reformista. Mas eram muitos os problemas a enfrentar.

A inflação e o custo de vida não paravam de subir. E a oposição do governo gastava dinheiro em publicidade e na compra de deputados para votarem contra João Goulart.

Sem o apoio dos poderosos, João Goulart procurava a sustentação nas classes populares, e fazia projetos nas áreas de:

o Reforma Agrária

o Reforma Urbana

o Reforma Educacional

o Reforma Eleitoral

o Reforma Tributaria

No dia 31 de março de 1964, explodiu a rebelião nas forcas armadas. E sem condições de resistir a este golpe de força João Goulart deixou o Brasil no dia 1 de abril e foi se exilar-se no Uruguai.

Terminava o período democrático e populista. Começava a ditadura militar…

Bibliografia
* História & Consciência do Brasil, volume 2, autor GILBERTO COTRIM editora SARAIVA
* História do Brasil, autores LUIZ KOSHIBA, DENISE MANZI FRAYZE PEREIRA, editora ATUAL
* CONHECER e O CONHECER 2000.

Fonte:
http://www.geocities.com/NapaValley/1925/populismo.html


http://www.culturabrasil.pro.br/populismo.htm

Os Neopopulistas

Segue reportagem de um jornalista da revista quem, publicado em fevereiro de 2009. Vale a pena ler e criticar. Será que voces concordam com tudo o que ele fala?

Os neopopulistas

O avanço da esquerda nos governos da América Latina fez ressurgir uma perspectiva sombria: o continente está sendo engolfado pelo populismo?

Guilherme Evelin

Primeiro, parecia uma exceção. A eleição de Hugo Chávez para a Presidência da Venezuela, há oito anos, foi interpretada como um ponto fora da curva latino-americana. Naquela altura, considerava-se que o continente inteiro estava, senão livre, pelo menos muito bem encaminhado para acabar com a tradição de ser governado por líderes populistas. E então veio, eleição após eleição, uma leva de governantes de esquerda – incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o argentino Néstor Kirchner, o uruguaio Tabaré Vázquez, o boliviano Evo Morales e até a chilena Michelle Bachelet, empossada há dois meses.

Se Antonio Lopez Obrador ganhar a eleição no México em julho, quase todos os principais países abaixo do Rio Grande, que demarca a fronteira entre os Estados Unidos e o México, estarão sob o comando de presidentes esquerdistas com forte apelo entre os mais pobres. Essa reviravolta política levantou a questão: a América Latina está novamente engolfada por uma onda de populismo?

Em artigo publicado na última edição da revista Foreign Affairs, o ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda, professor de Política e Estudos Latino-Americanos na Universidade de Nova York, aponta Chávez como herdeiro da mesma linhagem populista de Getúlio Vargas e de seu homólogo argentino, Juan Domingo Perón. “Chávez não é Fidel Castro. Ele é um Perón com petróleo”, diz Castañeda. No mesmo balaio, segundo Castañeda, estão o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, “um legítimo peronista e orgulhoso disso”, e o da Bolívia, Evo Morales, “que não é um Che indígena, mas um habilidoso e irresponsável populista”.

A volta do estigma do populismo já representa, em si mesma, um risco. Ela pode diminuir a disposição de investidores em trazer capital para a região. Mas o pior é se a percepção estiver correta: nesse caso, o que está em questão é um retrocesso no fortalecimento das instituições que vem ocorrendo desde a democratização da América Latina, na década de 80.

Para avaliar se o continente está mesmo sob o risco de voltar aos tempos de líderes desse tipo é necessário entender o que é o populismo. Historicamente, ele se caracteriza pelo personalismo, pelo autoritarismo, pela difusão da crença de um herói salvador e por um estridente nacionalismo – práticas políticas que, no passado, ajudaram a aprofundar os problemas de uma região historicamente marcada pelas grandes desigualdades sociais. Embora seja, em geral, associado à esquerda, o populismo não tem nada a ver com ideologia. No poder, Getúlio e Perón perseguiram os comunistas – e o argentino viveu no exílio sob a guarda da ditadura de Franco na Espanha.

O populismo não é uma invenção latino-americana. No resto do mundo, costuma-se pregar a um político a pecha de “populista” quando ele procura conquistar a popularidade, apelando a promessas fáceis ou demagógicas – quase sempre dirigidas a eleitores pertencentes aos estratos sociais mais pobres. A arma principal do populista costuma ser a emoção, e não a razão. Os EUA, no final do século XIX, tiveram um Partido do Povo, com raízes rurais, que ganhou influência política com campanhas contra o controle da economia por cartéis urbanos. Jean-Marie Le Pen, o líder da extrema direita francesa, é um exemplo de populista europeu, que conquista votos entre agricultores, desempregados e pequenos empresários com uma retórica contra as grandes corporações, estrangeiros e a União Européia.

Mas foi na América Latina que o populismo virou um fenômeno político central nos últimos 70 anos. Entre os anos 30 e 60, como conseqüência da industrialização, do crescimento das cidades e do surgimento de um proletariado urbano, lideranças populistas emergiram em vários países da região em substituição às oligarquias rurais que antes controlavam o poder. Estabelecendo contato direto com essas novas massas urbanas, sem a intermediação de partidos, esses líderes distribuíram benesses aos trabalhadores, ao mesmo tempo que construíam uma aliança com a burguesia industrial e perseguiam uma política nacionalista e desenvolvimentista, com substituição de importações, a imposição de restrições ao capital estrangeiro e a estatização.

Em muitos casos, esses líderes passaram a ser associados a períodos de grande crescimento econômico de seus países e a se beneficiar de aura de fundadores da nação. É o caso de Getúlio Vargas, no Brasil, que ficou conhecido como “o pai dos pobres” por ter introduzido a legislação trabalhista no país. A contrapartida do lado de benfeitores da classe trabalhadora, porém, era o exercício autoritário do poder, em que líder, partido, governo e Estado se confundiam numa coisa só; o corporativismo nas relações sociais; e a geração de capitalistas viciados em generosos subsídios estatais. Na gestão das finanças públicas, prevalecia a prodigalidade de gastos. Em caso de necessidade, imprimia-se dinheiro – sem preocupação com inflação ou déficits.

O que diferencia os populistas do passado dos neopopulistas do presente, além de um contexto internacional completamente diferente e do enraizamento dos processos de eleições diretas na América Latina, é a base de sustentação social. “A burguesia se internacionalizou e abandonou o barco populista”, diz o historiador Boris Fausto, um dos maiores especialistas no estudo do getulismo. “O neopopulismo não se assenta sobre a classe trabalhadora organizada, que não tem a mesma importância de outros tempos, mas, sobretudo, em massas marginalizadas.”

O que dizer do presidente Lula? Castañeda e outros analistas internacionais, impressionados com a ortodoxia da política econômica seguida pelo Brasil nos últimos três anos, incluem Lula no cesto da esquerda latino-americana moderna. Nada mais antipopulista que superávits primários de 4%. O Bolsa-Família, que tem a chancela do Banco Mundial, nasceu em formato mais reduzido no governo FHC. É um clássico programa de compensação social, e poderia ser qualificado de ä neoliberal por um esquerdista mais empedernido. Pragmaticamente, Lula cultiva boas relações com os EUA. Ao final da última Cúpula das Américas, no ano passado, na Argentina, enquanto Chávez se juntava ao ex-craque Maradona e entoava slogans antiimperialistas para uma multidão, Lula recebia na Granja do Torto o presidente americano, George W. Bush, para um amistoso churrasco – símbolo também da singularidade brasileira em meio a hispânicos sempre muito mais inflamados.

Lula, por outro lado, ostenta vários traços de um líder latino-americano à moda antiga, principalmente em sua retórica, o que permite qualificá-lo como “moderadamente populista”. A popularidade de seu governo ancora-se em grande parte em sua liderança carismática. Ele cultiva com carinho a imagem de um novo pai dos pobres, como um Getúlio redivivo (leia a reportagem à pág. 32). Até para se colocar em clara oposição aos tucanos e a Fernando Henrique Cardoso, que prometeu sepultar a era Vargas, Lula também não perde a oportunidade de se associar ao discurso nacionalista e estatizante típico do getulismo – embora o PT, em suas origens, tenha surgido como uma voz crítica ao peleguismo e à intervenção estatal nos sindicatos, uma das principais heranças do populismo varguista.

“Lula usa em certas ocasiões formas de identificação populista”, diz o uruguaio Francisco Panizza, professor de Política Latino-Americana na London School of Economics. “Quando Lula fala de conspiração das elites ou tenta fazer sua identidade de operário prevalecer sobre a de integrante da elite política para se identificar diretamente com o povo, esses são elementos populistas em seu discurso político.” O estilo do presidente também é personalista – tanto é que nenhuma liderança nacional emergiu a sua sombra no PT. E resvala, às vezes, para o autoritarismo, como mostra a tentativa frustrada de expulsar do Brasil o jornalista americano Larry Rohter, correspondente do New York Times, em 2004.

O populismo renasceu na América Latina por causa das deformações das democracias implantadas na região depois do ciclo de ditaduras militares. “Quando surgem líderes populistas, isso quer dizer que setores importantes da população não se sentem representados pelo sistema político, ainda que ele seja formalmente democrático”, diz Panizza, autor do livro Populismo: Espelho da Democracia. O fato é que as reformas liberais nos anos 90, embora tenham modernizado as economias latino-americanas, falharam em incorporar a massa de pobres, desempregados e trabalhadores informais colocados às margens da globalização.

“O traço comum a todos os presidentes de esquerda na América Latina é que eles foram eleitos numa reação ao fato de que as reformas falharam em cumprir suas promessas”, diz Francisco Weffort, ex-secretário-geral do PT, ex-ministro da Cultura do governo FHC e autor do livro Populismo na Política Brasileira. Uma diferença importante é que lideranças como Chávez, Morales e Olanta Humala, candidato no Peru, emergiram em sistemas políticos frágeis ou em colapso, enquanto Bachelet, Vázquez e Lula presidem de países com instituições políticas fortes. Mas nenhum deles está imune ao risco que a tentação populista representa.


http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI53969-9531,00-OS+NEOPOPULISTAS.html

Populismo x Neopopulismo

Pessoal deste grupo, o texto é grande, mas bem valioso. Vale a pena ler!

O neopopulismo na América Latina BORIS FAUSTO

(publicado na Folha de São Paulo em 17 de fevereiro de 2006)

Comecemos enumerando algumas características do neopopulismo latino-americano que o distingue de sua forma antiga. Dois elementos básicos estabelecem a diferença entre um e outro, originadas, principalmente, de contextos socioeconômicos diversos.

O populismo clássico correspondeu a um período de desenvolvimento “para dentro” das maiores nações da América Latina, entre 1940 e 1960, aproximadamente. Assentava-se num tripé que tinha como motor básico o Estado nacional-desenvolvimentista, apoiado socialmente na classe trabalhadora organizada e na burguesia industrial.

O neopopulismo emerge em outra época, no âmbito da globalização, que se tornou nítida a partir dos anos 1980. Em linhas gerais, o Estado mudou de configuração, sem deixar de ter relevância (há neopopulismos mais fortes e mais fracos em função da consistência dos respectivos Estados), e a base de apoio ao populismo mudou.

A burguesia internacionalizada ou desfeita abandonou o barco populista e a fonte de apoio popular se alterou. O neopopulismo não se assenta sobre a classe trabalhadora organizada, hoje sem a importância de outros tempos, mas, sobretudo, em massas marginalizadas, predominantemente urbanas. Sua composição varia de país a país e a diferença mais nítida diz respeito às populações indígenas, como são os caso de Bolívia, Peru e Equador, com reivindicações étnicas específicas.

Como no passado, as novas lideranças populistas se caracterizam pelo personalismo, pela difusão da crença no herói salvador, pelas práticas autoritárias.

Uma das raízes de sua emergência se encontra nos deslocamentos sociais provocados pela globalização. Se não tem sentido demonizar esse processo histórico, é certo que ele deixou à margem setores pobres ou miseráveis da sociedade. Mais ainda, a modernização do sistema produtivo, ao mesmo tempo que representou ganhos de produtividade e possibilidades de ascensão aos mais qualificados, gerou enormes contingentes de desempregados ou de trabalhadores informais.

Como o regime democrático não resolveu esses problemas -e era ilusão pensar que pudesse resolvê-los por simples decorrência de seus princípios-, as fórmulas populistas, apenas adormecidas, vieram à luz, contando com o apoio de populações desiludidas ou credoras de uma dívida histórica.

O neopopulismo tem sido objeto de avaliações muito diversas. Para certas correntes ditas de esquerda, o neopopulismo (cuja expressão máxima é o regime de Hugo Chávez, na Venezuela) representa um novo caminho para o socialismo, uma “onda vermelha” que se espalha pela América Latina, como se Deus escrevesse certo por linhas tortas.

Essa visão encontra eco no polo oposto, na extrema direita latino-americana, para quem é ilusório falar em avanço do neopopulismo, pois estaríamos diante de uma ofensiva neocomunista com ramificações muito atuantes.

Não faz sentido minimizar o risco representado pela emergência das novas formas de neopopulismo, que se irradia pela Venezuela, Bolívia, Peru, Equador e outros países. Mas também não é de se crer na força inexorável da onda populista; afinal de contas, a América Latina é bem mais diversificada do que parece aos hegemonistas apressados.

Uma referência à situação política de alguns países e às alternativas que se abrem nas várias disputas eleitorais do ano corrente nos ajuda a entender a diversidade do quadro e as perspectivas de afirmação da democracia a partir de diferentes posições do espectro político.

No Chile, o governo da Concertación (aliança entre socialistas e democratas cristãos) segue seu curso positivo de mais de uma década, reforçado pela vitória da socialista Michelle Bachelet.

Num contexto conturbado e, portanto, muito diverso, o presidente colombiano Álvaro Uribe goza de grande popularidade e tem tudo para se reeleger nas eleições do final deste ano.

No Peru, a ascensão nas pesquisas de um ex-militar nacionalista-populista, Ollanta Umala, abençoado por Chávez e acusado de violação dos direitos humanos, parece estar declinando, ao ser superado pela candidata conservadora Lourdes Flores.

No México, a candidatura populista de López Obrador, que parecia irresistível, cede lugar a uma dura disputa com outros nomes (Roberto Madrazo, Felipe Calderón).

Não se trata aqui de endossar simplesmente as figuras antipopulistas, mas todas elas, com seus méritos e defeitos, têm compromisso com a democracia.

Uma boa forma de conservar um razoável otimismo acerca da consolidação da democracia consiste em olhar para um passado de pouco mais de três décadas. Brasil, Argentina, Chile e Uruguai eram então países assolados por ditaduras militares que se diferenciavam apenas pelo grau de violência.

Hoje, o Chile é uma referência democrática; a Argentina, ainda que com laivos populistas, vai se reafirmando política e socialmente; o Uruguai, governado pelo socialista Tabaré Vasquez, interrompeu, pela via democrática, mais de cem anos de um revezamento entre “blancos” e “colorados”.

E o Brasil? Se a crise do PT e os apetites eleitorais estão lançando o presidente Lula, cada vez mais, numa retórica populista, há boas razões para crer na estabilidade das instituições democráticas e na sua consolidação. Afinal de contas e apesar dos percalços, temos mais de 20 anos de regime democrático -e isso, na América Latina, não representa pouco.

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Boris Fausto, historiador, é presidente do Conselho Acadêmico do Gacint (Grupo de Conjuntura Internacional) da USP. É autor de, entre outras obras, “A Revolução de 30” (Cia. das Letras).

http://listas.ufg.br/pipermail/casebh/2006-February/000042.html

Populismo 2

Pessoal,

infelizmente cheguei bem tarde em casa após nossa aula, mas até esta quarta de tarde postarei ao menos um texto de referência para cada grupo relativo ao trabalho sobre populismo.

Comentem!

Luiz Paulo Ferraz